quinta-feira, 25 de novembro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
BAHIA DE TODOS OS SANTOS
Pelo mundo afora...e nesse caminhar cheguei ao Pelourinho-BA, sim, eu estive lá. Encantador, irreverente, inigmático. tudo é festa e magia. Como uma garotinha deslumbrada comir um saboroso Acarajé e depois andei no elevador Lacerda, e depois fui a pé até o Farol da Barra. A noite sozinha andando pelas praças cheguei ao beco dos artista e lá encontrei a minha turma. Daí meus amigos, Iemanjá fez a sua parte.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
CARNAVAL NA CAPITAL
Uma performance andrógina. muito legal. Maior sucesso!
Em meio a polêmica dos últimos dias no cenário político de Brasília, às véspera do aniversário de 50 anos de Brasília, o carnaval na capital aconteceu a todo vapor. Claro que o tema foi os famosos PANETONES. Palhaços, marionetes, pierrôs e colombinas aproveitaram a deixa e sairam as ruas para protestarem a todo essa parafernália política. Eu estive lá, um carnaval irreverente sem deixar nada a desejar às capitais brasileiras da folia. O nosso abre ala O PACOTÃO que completa 32 anos de folia sempre presente, esse ano ele mudou a rota e passou no meio do tão badalado setor comercial, e foi a noite, e as meninas travestis e transexuais donas do pedaço se comportaram como deusas, ninguém abre a boca para falar nada!! cederam seu espaço de trabalho, se divertiram, divertiram o público, tudo numa bôa. Os blocos alternativos, foliões de todas as idades, não esquecendo O Galinho de Brasília , O Bloco dos Raparigueiros, Ase dudu. terminavam a festa sempre no espaço Gran Folia, ali na esplanda, onde um grande palco apresentava bandas famosas, o Asa de Águia nos brindou com o lançamento do seu 3º Cd, e para alegria geral várias tendas gigantes davam lugar a Djs famosos da cidade com sons para todas as tribos, foi magnífico. No Ceilanbódromo a vitória mais uma vez ficou com a Escola de Samba -ARUC do cruzeiro. Só faltou nosso governador, e aproveitando o que vocês acham de tudo isso?
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
NIVER DE CLAUDIA WONDER
NÓS!!!!
A ciência mostra, a arte revela, a vida ensina nossa existência
Feliz Aniversário!!!!
Uma mulher que merece meus aplausos!!! Claudia Wonder - Atriz e militante de boas causas.
Minha querida pode ter defeitos, viver ansiosa e ficar irritada algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. Só você pode evitar que ela vá à falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você.
Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestades, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem decepções. Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz ..Não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios. Ser feliz não é uma obra do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar uma autora da Própria história.
Trecho da obra de Fernando Pessoa
Ponto X:
Secretária de Educação assina portaria que garante uso de nome social a travestis e transexuais
Gente!
Secretária de Educação assina portaria que garante uso de nome social a travestis e transexuais
Gente!
No ano de 2007 decidi depois de muita resistência a enfrentar uma faculdade para resgatar um sonho ainda de criança. Muita barreira me fazia adiar esse sonho. O nome social era um grande obstáculo. Como iria enfrentar os alunos, já que hoje a maioria deles é adolescente que acabam de sair do ensino médio, e ninguém lhes ensinou qual seria a diferença de um homossexual, um travesti ou mesmo um transexual. Como iria me apresentar para a coordenação da faculdade e dizer que queria que me chamassem Bianca sem nenhum respaldo judicial. Qual seria a melhor estratégia para que eu não viesse a sofrer nenhum trauma de rejeição e me excluir mais ainda da tão falada Inclusão Social? Foi durante muito tempo uma tortura para mim. Ah queridas!! Como me doía a alma. Eu já como servidora pública do Governo do Distrito Federal, estabilizada, ainda com esse dilema! Agora imagine quem tem esse sonho e nenhum apoio moral, financeiro, que é o caso de muitas travestis e transexuais do Brasil, e porque não do mundo! Depois de muito estudar, analisar e me fortalecer diante de DEUS, sim, por que muitas pessoas não acreditam que também nós recorremos a Ele. Pedi força, coragem e determinação, me escrevi e passei para Comunicação Social, habilidade em Publicidade e Propaganda. Com a ajuda de amigos de trabalho redigi um documento que mostrarei a vocês logo abaixo, quem sabe não servirá como exemplo para outras. Hoje sou formada, fui muito bem aceita pelos professores, alunos e coordenadores. Participei de vários trabalhos falando sobre o tema transexualidade, e acredito que plantei uma semente do bem na cabeça de todos que tiveram a oportunidade de estarem comigo.
REQUERIMENTO
Através do presente instrumento pretendo expor e ao fim solicitar.
Conforme prontuário em anexo, expedido pelo Hospital Universitário de Brasília – HUB, sou participante do grupo de psicoterapia da ala psiquiátrica, onde faço parte do Programa de Transexuais que são acompanhadas no processo de Cirurgia de Redesignação Sexual.
A Cirurgia de Redesignação Sexual (CRS) é o termo utilizado para definir os procedimentos cirúrgicos pelos quais a aparência física de uma pessoa e a função de suas características sexuais são mudadas para aquelas do sexo oposto. É parte do tratamento para a desordem do transtorno de identidade para transexuais e transgêneros.
Transexual é um indivíduo que possui uma identidade de gênero oposta ao sexo designado (normalmente no nascimento). Homens e mulheres transexuais fazem ou pretendem fazer uma transição de seu sexo de nascimento para o sexo oposto (sexo-alvo) com alguma ajuda médica (terapia de redesignação de gênero) para seu corpo. A explicação estereotipada é de "uma mulher presa em um corpo masculino" ou vice-versa.
Pelo exposto venho solicitar que Eu, BIANCA MOURA DE SOUZA matriculada nesta Instituição de ensino FACITEC, sobre a matrícula 071004664 com o nome jurídico JOSÉ MOURA DE SOUZA FILHO (nome de batismo), possa ser tratada conforme a adequação jurídica, já em trâmite, que pretende a alteração de meu nome, portanto gostaria de poder contar com a colaboração desta Administração para que o nome BIANCA seja meu tratamento usual perante os colegas, pelos professores e demais agentes administrativos.
Considerando minha condição de servidora efetiva do quadro de pessoal do Governo do Distrito Federal, e a aceitação de minha diversidade promovida pelos colegas de trabalho, acredito que não será diferente neste estabelecimento.
Agradeço desde já, certa de não me deparar com nenhum óbice oposto pela Instituição, devido à sua adequação às diversidades apresentadas pela sociedade.
Brasília, 05 de fevereiro de 2007.
José Moura de Souza Filho
(Bianca Moura de Souza)
Para: Denise Mesquita
Coordenadora da Faculdade de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da FACITEC.
Nesta.
Nota:
Devemos aplaudir a iniciativa da senhora secretária Eunice Santos da Secretaria de Educação do Distrito Federal que diante das várias situações que lhe bombardeiam a cada dia nas salas de aula, tanto de alunos como de pais, teve a coragem e determinação de lembrar-se dessa classe que é classificada como a escória social, e enfrentar toda a sociedade na tentativa de resgatar a dignidade dessas pessoas que tão somente sonha com dias melhores para suas vidas.
Distrito Federal
Secretária de Educação assina portaria que garante uso de nome social a travestis e transexuais
Publicação: 09/02/2010 21:50 Atualização: 09/02/2010 23:24
Portaria assinada nesta terça-feira (9/2) e que deve ser publicada no Diário Oficial nesta quarta-feira (10/2), pela secretária de Educação, Eunice Santos, garante a travestis e transexuais o uso do nome social nas escolas públicas do Distrito Federal.
Segundo a secretária, esta é uma forma de transmitir aos estudantes, em processo de formação, o senso de aceitação e respeito à diversidade. “A Secretaria de Educação tem o dever de colaborar para combater o preconceito e a discriminação nas escolas”, garante Eunice.
Um estudo entitulado Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas, realizado pela Rede de Informação Tecnologia Latino Americana (Ritla), mostrou que a discriminação está presente entre os jovens, na rede pública de ensino do DF. Do total, 16,3% dos alunos com mais de 18 anos, não gostariam de ter homosexuais como colegas de classe. Entre estudantes que têm entre 17 e 18 anos, o índice sobe para 20,5%. Entre os mais novos, com menos de 11 anos, o índice fica em 48,7%. A pesquisa foi realizada com 9.937 estudantes, que foram ouvidos no ano de 2008 em 84 escolas das 14 Diretorias Regionais de Ensino.
“Permitir que travestis e transexuais possam ser chamados pelos nomes que efetivamente escolheram é uma demonstração concreta de respeito à individualidade de cada um e também é uma maneira de enfrentar esta violência”, avalia o professor Edilson Rodrigues, gerente de Educação de Jovens e Adultos da SEDF, um dos principais defensores da medida que prevê a inclusão do nome social no Diário de Classe.
De acordo com a portaria, o nome social do aluno deve acompanhar o nome civil em todos os reguistros internos da escola, como histórico escolar, declarações e certificados. Quem tiver mais de 18 anos deve manifestar por escrito o desejo de ter o nome social incluido. Aos menores, a autorização dos pais ou responsáveis será necessária
Obs: Agora é arregaçar as mangas e unir forças para que nossas irmãs encontrem coragem para seguir em frente e mudar seus destinos.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
ONG - ANAV-TRANS/DF
ANAV-TRANS/DF
Muito orgulhosa eu fico em participar juntamente com estas mulheres gurrreiras e fenomenais do 16º ENTLAIDS - encontro de Travestis e Transexuais Brasileiros onde foram discutidos em uma semana as novas diretrizes que serão abordadas perante o Plenário Nacional. Dignidade, Inclusão Social e Direito a vida. Coisas simples mais que não fazem parte da vida de milhares de irmãs que sem direito a fala, estão sujeitas as mazelas da sociedade.
Rio de Janeiro - Dezembro 2009.
Bravo!
Transexualidade sem limites
Transexualidade sem limites
Lana Malone
"Um dia, todos entenderão que o sexo é relativo, mas a mente é absoluta!" Lana
Quero nesse texto procurar uma possibilidade de aumentar os limites da tansexualidade. É uma sugestão à classe médica e aos transgêneros para que mudem um pouco a interpretação do fenômeno transexualidade. Em primeiro lugar permito-me classificar as transexuais em três classes de fenomenologias. A primeira refere-se aos transexuais precoces ou de primeira instância. É um tipo de transexualidade que já aparece na primeira infância, com definição de comportamento e aparência. Um menino ou uma menina, do nascimento até cinco anos de idade, já vive uma vida transexual, e vive essa realidade com a aprovação plena dos pais e família, desenvolvendo sua personalidade e corpo num mesmo ritmo, só que, em forma de treinamento ou domesticação. De certo modo não são verdadeiros transexuais, pois foram desde cedo treinados como um "animal de circo", a fazer tudo aquilo que os pais e família queriam. Não sofrem problemas maiores, pois já são um menino ou uma menina quando chegam na adolescência. É nessa fase que surge outro limite da transexualidade, com a dimensão maior da consciência, e posterior opção do jovem sobre a sua definição sexual, caso seja uma transexual "de treino". Nesse momento, o adolescente pode até resolver não viver mais como transexual e redefinir o seu papel na sociedade. Vai ter que treinar forte o novo comportamento, pois já estava com uma situação muito bem definida. Acho bastante difícil esse jovem conseguir sucesso nessa mudança, se já chegou à adolescência com esse quadro tão bem estabelecido. Porém, pode ter chance de mudar, e virar o jogo. Terapia vai ser necessária, e toda uma ajuda familiar. Como sua transexualidade era um "aparato de treino", ele treinando tudo de novo ao contrário agora, definirá um novo papel e sairá da sua "pseudo-transexualidade" adquirida. Uma segunda classe de transexuais ou de segunda instância, são a meu ver os mais comuns. Surgem como transexuais tão logo faz 15 ou 16 anos, e se definem por essa opção pela vida toda porque tem de fato uma alma ou psique feminina, se sentem mulheres, querem viver como mulheres e ser logo que possível, uma mulher integral. Podem até não ter sido criado como menina (o), mas sua natureza e sua mente vão exigir esse papel. Passam por um pequeno período de confusão de identidade, uma leve neurose depressiva, e depois conseguem arrumar a casa por si mesma e, definem claramente o seu papel, assumindo sua identidade transexual. Esses transexuais são aqueles mais curtidos pela mídia e grande sociedade. Aparecem em revistas, cinema, TV, etc., como lindas "mulheres", de tremenda presença e charme. É a “Roberta Close” da vida, explodindo em sucesso e brilhantismo. De beleza incomparável, podem até ganhar concursos competindo com mulheres lindíssimas. Optam ou não por cirurgia de readaptação. Mas a verdade é que estas transexuais vivem a sua feminilidade plenamente, nunca experimentou em profundidade a heterossexualidade, e sem maiores conflitos, até casam e só não têm filhos por motivos óbvios. São literalmente, mulheres (ou homens). Parece, todavia, que a sociedade e a mídia, senão também as próprias transexuais dessa classe, esperam que a transexualidade se resuma tão somente nesse segundo tipo: as de exuberância e beleza incomuns. Ora, como ficam então as transexuais que saem desse "padrão" até discriminativo?! Vejamos na próxima categoria, como fica isso.
A terceira e última categoria de transexuais, os de terceira instância, são os mais raros e complicados. Aparecem tardiamente, após os trinta anos ou até bem mais, após os cinqüenta anos. São indivíduos que viveram uma heterossexualidade "de risco". De risco porque não eram heterossexuais verdadeiros, e se iludiram durante anos por vários motivos. Enganaram a si mesmos, tentaram de tudo para viver uma heterossexualidade imposta pela família e sociedade, temiam os riscos, mascararam tudo e... Acabaram casando, tendo filhos, formando lar e família. Contudo, lá pelos trinta anos, a diferença e a verdade começam a surgir e a se impor implacavelmente! Eles também pensaram que eram homossexuais ou travestis, durante um longo tempo. O casamento acabou em divórcio, e lá vão eles em busca de sua verdadeira identidade. É a transexualidade mais dolorosa e difícil que se vive, porque vêm junto a um arrastão de condicionamentos sociais e psicológicos. A pessoa fez história, construiu, e seu mundo capotou quase que de repente e precisa agora, mudar, mudar!. E logo! A transexual tardia vai precisar superar todas as barreiras imagináveis: a da família (seus filhos, esposa, pais, irmãos e parentes), do emprego (administração, funcionários, hierarquia toda enfim), da comunidade (vizinhança, bairro, conhecidos, grupos informais), das instituições (igreja, clubes, grupos formais), da grande sociedade (cidade, estado, país). Essa transexual que viveu uma vida fora (outsider) da sua realidade, vai ter muito trabalho para levar a cabo sua nova vida. Acho que uma grande maioria até desiste da empreitada, visto os grandes desafios a serem vencidos, sendo o principal, se já é de idade madura, sua própria aparência de "tia", "madame", "senhora", "mãezona", "balzaquiana", "coroa", etc. Suas rugas, face caída e cansada, pele sem viço, cabelos raros, entre outras coisinhas, funcionam como um balde de água fria nos intentos de mudança mais radical. Haja coragem para ir fundo e enfrentar tudo isso. Essa transexualidade tardia é acompanhada de outros fenômenos psicológicos da maturidade, onde complexos e dúvidas dão pouco espaço para uma vida transexual tranqüila e feliz. Entretanto, não é impossível superar a tudo isso, e sair por cima. O velho ditado "antes tarde do que nunca", para encontrar uma vida feliz, é super válido aqui. Desistir e ficar ruminando neuras é que não vale a pena. Bem amigas, quis aqui propor que se aumentem os limites da vida e opção transexual, sugerindo que não se coloque um marco para a vivência de uma transexualidade total. Seja a decisão com 5, 15, 35, 50, 80 ou mais anos, que se busque a melhor maneira de viver a transexualidade. Se o corpo já não é muito bonito, se a pele e o rosto estão cansados, se os cabelos não ajudam, se enfim, tudo joga contra uma transformação radical, que se lute assim mesmo até o fim, para sermos exatamente aquilo que mais gostaríamos de ser, em qualquer tempo, com qualquer idade, sob quaisquer condições! Não há limites para a experiência transexual, a não ser o estabelecido pelo nosso coração. Ame-se, cuide-se e viva a sua transexualidade já, pois o tempo é agora e o lugar é aqui! Não estamos em busca da beleza ou da perfeição física e, sim, da nossa verdadeira identidade, ainda que muitas vezes ela se esconda num vaso já gasto e quebradiço, ou numa taça fosca e riscada, mas que ainda pode servir os melhores e mais deliciosos vinhos!
Beijos sem limites
Lana Malone jmalone@onda.com.br
casadamaite@gmail.com
Lana Malone
"Um dia, todos entenderão que o sexo é relativo, mas a mente é absoluta!" Lana
Quero nesse texto procurar uma possibilidade de aumentar os limites da tansexualidade. É uma sugestão à classe médica e aos transgêneros para que mudem um pouco a interpretação do fenômeno transexualidade. Em primeiro lugar permito-me classificar as transexuais em três classes de fenomenologias. A primeira refere-se aos transexuais precoces ou de primeira instância. É um tipo de transexualidade que já aparece na primeira infância, com definição de comportamento e aparência. Um menino ou uma menina, do nascimento até cinco anos de idade, já vive uma vida transexual, e vive essa realidade com a aprovação plena dos pais e família, desenvolvendo sua personalidade e corpo num mesmo ritmo, só que, em forma de treinamento ou domesticação. De certo modo não são verdadeiros transexuais, pois foram desde cedo treinados como um "animal de circo", a fazer tudo aquilo que os pais e família queriam. Não sofrem problemas maiores, pois já são um menino ou uma menina quando chegam na adolescência. É nessa fase que surge outro limite da transexualidade, com a dimensão maior da consciência, e posterior opção do jovem sobre a sua definição sexual, caso seja uma transexual "de treino". Nesse momento, o adolescente pode até resolver não viver mais como transexual e redefinir o seu papel na sociedade. Vai ter que treinar forte o novo comportamento, pois já estava com uma situação muito bem definida. Acho bastante difícil esse jovem conseguir sucesso nessa mudança, se já chegou à adolescência com esse quadro tão bem estabelecido. Porém, pode ter chance de mudar, e virar o jogo. Terapia vai ser necessária, e toda uma ajuda familiar. Como sua transexualidade era um "aparato de treino", ele treinando tudo de novo ao contrário agora, definirá um novo papel e sairá da sua "pseudo-transexualidade" adquirida. Uma segunda classe de transexuais ou de segunda instância, são a meu ver os mais comuns. Surgem como transexuais tão logo faz 15 ou 16 anos, e se definem por essa opção pela vida toda porque tem de fato uma alma ou psique feminina, se sentem mulheres, querem viver como mulheres e ser logo que possível, uma mulher integral. Podem até não ter sido criado como menina (o), mas sua natureza e sua mente vão exigir esse papel. Passam por um pequeno período de confusão de identidade, uma leve neurose depressiva, e depois conseguem arrumar a casa por si mesma e, definem claramente o seu papel, assumindo sua identidade transexual. Esses transexuais são aqueles mais curtidos pela mídia e grande sociedade. Aparecem em revistas, cinema, TV, etc., como lindas "mulheres", de tremenda presença e charme. É a “Roberta Close” da vida, explodindo em sucesso e brilhantismo. De beleza incomparável, podem até ganhar concursos competindo com mulheres lindíssimas. Optam ou não por cirurgia de readaptação. Mas a verdade é que estas transexuais vivem a sua feminilidade plenamente, nunca experimentou em profundidade a heterossexualidade, e sem maiores conflitos, até casam e só não têm filhos por motivos óbvios. São literalmente, mulheres (ou homens). Parece, todavia, que a sociedade e a mídia, senão também as próprias transexuais dessa classe, esperam que a transexualidade se resuma tão somente nesse segundo tipo: as de exuberância e beleza incomuns. Ora, como ficam então as transexuais que saem desse "padrão" até discriminativo?! Vejamos na próxima categoria, como fica isso.
A terceira e última categoria de transexuais, os de terceira instância, são os mais raros e complicados. Aparecem tardiamente, após os trinta anos ou até bem mais, após os cinqüenta anos. São indivíduos que viveram uma heterossexualidade "de risco". De risco porque não eram heterossexuais verdadeiros, e se iludiram durante anos por vários motivos. Enganaram a si mesmos, tentaram de tudo para viver uma heterossexualidade imposta pela família e sociedade, temiam os riscos, mascararam tudo e... Acabaram casando, tendo filhos, formando lar e família. Contudo, lá pelos trinta anos, a diferença e a verdade começam a surgir e a se impor implacavelmente! Eles também pensaram que eram homossexuais ou travestis, durante um longo tempo. O casamento acabou em divórcio, e lá vão eles em busca de sua verdadeira identidade. É a transexualidade mais dolorosa e difícil que se vive, porque vêm junto a um arrastão de condicionamentos sociais e psicológicos. A pessoa fez história, construiu, e seu mundo capotou quase que de repente e precisa agora, mudar, mudar!. E logo! A transexual tardia vai precisar superar todas as barreiras imagináveis: a da família (seus filhos, esposa, pais, irmãos e parentes), do emprego (administração, funcionários, hierarquia toda enfim), da comunidade (vizinhança, bairro, conhecidos, grupos informais), das instituições (igreja, clubes, grupos formais), da grande sociedade (cidade, estado, país). Essa transexual que viveu uma vida fora (outsider) da sua realidade, vai ter muito trabalho para levar a cabo sua nova vida. Acho que uma grande maioria até desiste da empreitada, visto os grandes desafios a serem vencidos, sendo o principal, se já é de idade madura, sua própria aparência de "tia", "madame", "senhora", "mãezona", "balzaquiana", "coroa", etc. Suas rugas, face caída e cansada, pele sem viço, cabelos raros, entre outras coisinhas, funcionam como um balde de água fria nos intentos de mudança mais radical. Haja coragem para ir fundo e enfrentar tudo isso. Essa transexualidade tardia é acompanhada de outros fenômenos psicológicos da maturidade, onde complexos e dúvidas dão pouco espaço para uma vida transexual tranqüila e feliz. Entretanto, não é impossível superar a tudo isso, e sair por cima. O velho ditado "antes tarde do que nunca", para encontrar uma vida feliz, é super válido aqui. Desistir e ficar ruminando neuras é que não vale a pena. Bem amigas, quis aqui propor que se aumentem os limites da vida e opção transexual, sugerindo que não se coloque um marco para a vivência de uma transexualidade total. Seja a decisão com 5, 15, 35, 50, 80 ou mais anos, que se busque a melhor maneira de viver a transexualidade. Se o corpo já não é muito bonito, se a pele e o rosto estão cansados, se os cabelos não ajudam, se enfim, tudo joga contra uma transformação radical, que se lute assim mesmo até o fim, para sermos exatamente aquilo que mais gostaríamos de ser, em qualquer tempo, com qualquer idade, sob quaisquer condições! Não há limites para a experiência transexual, a não ser o estabelecido pelo nosso coração. Ame-se, cuide-se e viva a sua transexualidade já, pois o tempo é agora e o lugar é aqui! Não estamos em busca da beleza ou da perfeição física e, sim, da nossa verdadeira identidade, ainda que muitas vezes ela se esconda num vaso já gasto e quebradiço, ou numa taça fosca e riscada, mas que ainda pode servir os melhores e mais deliciosos vinhos!
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